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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Descaso em cidade do cariri é destaque no Fantástico: Ex-prefeito deixou R$ 2,10, diz gestora

Imagine chegar ao trabalho e dar de cara com um buraco de 12 metros no seu escritório. Ou então você não pode acender a luz, porque a conta não foi paga. E nem ir ao banheiro, porque falta o vaso... Essa é a realidade de muitos prefeituras pelo brasil.


“Quando nós assumimos, em 2009, tivemos o compromisso maior de sanear o município, de preparar o município para a frente”. A frase foi dita por Bevilácquia Matias em discurso quando era prefeito da cidade de Juazeirinho, no interior da Paraíba. “Hoje nós temos todas as finanças do município saneadas”.

Mas a sucessora dele, que foi eleita no ano passado, diz que encontrou a prefeitura com a energia elétrica cortada por falta de pagamento. “Nós assumimos a prefeitura do município literalmente às escuras”, diz a prefeita Carleusa Marques.

Ano novo, vida nova. Hora de botar os planos em ação. Mas os novos prefeitos de 12 cidades visitadas pelo Fantástico essa semana estão tendo péssimas surpresas.

Onde falta informação tem muita coisa importante que também faz falta.

“Até o momento, a gente não tem dinheiro para comprar água dentro da prefeitura, porque a gente não teve acesso a nenhuma conta ainda. Não pude fazer senha, nada”, revela Carleusa.


“Viver é ruim sem água”, diz Adílson Henrique da Silva, de 13 anos. Ele é sensível, um amigo dos livros, mas não tem tempo para ler como queria. Na beira de uma estrada movimentada, Adílson transporta vizinhos e amigos em uma charrete e busca água para as necessidades básicas da família. “Tomar banho a gente busca ali na rua”, diz o jovem, que pega água todos os dias desde os 10 anos.

“Desde janeiro do ano passado não tem chuva aqui em Juazeirinho para arrumar água nem nada”, diz o biscateiro José Adenildo, que sai com um tambor para tentar conseguir água.

A cidade depende de caminhões-pipa porque o açude secou. Enquanto o caminhão não chega, os trabalhadores rurais tentam salvar os animais com água enlameada. “É muito ruim assim. Só se bebe porque é o jeito mesmo. Está muito ruim, salgada”, diz um criador. A água, conta, só serve para os animais: “Só para bicho. Para humano não presta”.

Para enfrentar os problemas da cidade, Juazeirinho precisa de dinheiro, claro.



Fantástico: Quanto a senhora encontrou no caixa da prefeitura?
Prefeita de Juazeirinho: No caixa da prefeitura, R$ 2,10.

“Encontramos uma prefeitura no escuro e totalmente sucateada, faltando computadores. Levaram as CPUs”, diz a prefeita.

“Não existem arquivos, que é a principal prova de documentação de uma administração”, revela Pedro Alves da Nóbrega, promotor de Justiça da Paraíba.

Quando assumiram, os novos prefeitos de Holambra, Tufilândia, Ipojuca, Alcobaça, Alhandra e Porto Acre também deram por falta de computadores. Dizem que os discos rígidos sumiram ou foram zerados.

Assim fica difícil saber em que pé está a cidade. Os ex-prefeitos desses municípios afirmam ter deixado tudo direitinho pra gestão seguinte.

Nessas condições, quem paga a conta - e sofre - é a população. No hospital de Juazeirinho, o lençol é da família da paciente! “É assim mesmo a gente chegava aqui, não tinha lençol”, diz Claudenice Santos Silva, mãe de paciente. O lençol que a filha usada foi levado pela tia.

O Fantástico encontrou carros quebrados, sem condição de rodar, em várias cidades. Nenhuma ambulância funciona em Juazeirinho. “Não tem o motor, né? O motor dela não se encontra”, diz José Oliveira, chefe de transporte do município paraibano.

O motor é que está doente! Foi encontrado, segundo a prefeitura, dentro da ambulância. Em nota, o ex-prefeito de Juazeirinho Bevilácqua Matias afirma que, na gestão dele, foram adquiridos veículos novos. Ele diz também que toda a documentação da cidade está no município, assim como os computadores e que Juazeirinho tinha, para a área de saúde, mais de R$ 300 mil em conta quando ele deixou o cargo.

Até agora, pelo menos três das 12 cidades citadas nesta reportagem pediram ajuda à polícia. Em Juazeirinho, o Ministério Público também investiga a situação da prefeitura.

“Não vemos a saúde, não vemos a segurança, a educação; não vemos funcionar da maneira que é pra funcionar. O município de Juazerinho está entre aqueles que hoje estão sofrendo com esse problema da seca, e não há a assistência necessária pra suprir essa falta. Não é suprido. Por quê? Por causa de desmandos com dinheiro público”, afirma o promotor Pedro Alves da Nóbrega.
 
Fantástico

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